Os americanos são intrigantes. Que povo contraditório!
Há entre eles uma cultura segundo a qual as pessoas devem respeitar a privacidade dos outros. Os pais, para esta cultura, não devem invadir o espaço dos filhos. Não podem entrar no quarto dos filhos, sequer, pois seria uma afronta, um desrespeito. Brasileirinhos filhinhos de papai adotaram a ideia, viu? "Não invada o meu espaço", dizem indignados aos pais que querem saber com quem estão falando ao celular, saber o que estão fazendo na internet, saber o que se passa dentro do quarto deles. A nefasta moda pega.
A atriz Kristen Stewart, caramba, traiu o namorado! Ooooooh, que horror, nunca ninguém traiu o namorado no mundo! Que novidade! Que escândalo! Gente, desde que o mundo é mundo, traições acontecem, mesmo entre casais fofos.
Traição é um horror, não suporto isso. Quando alguém trai, nem percebe, mas está traindo a si mesmo. Sou totalmente contra a traição.
Não questiono a inocência ou a culpa da moça. A contradição, nesta história, está na invasão de privacidade. Onde foi parar a cultura segundo a qual ninguém pode entrar no espaço do outro, nem mesmo um pai pode entrar no quarto do filho? Então os fotógrafos e os jornalistas fofoqueiros podem entrar na intimidade de uma pessoa, num assunto que só diz respeito a ela e ao marido dela? Isso é inaceitável!
Sites, jornais e revistas, como esta acima, fizeram a festa ao expor a vida privada de quatro pessoas (Kristen, seu marido, o amante e sua esposa). Então honrados pais de família penam para conseguir acompanhar a vida dos seus filhos na luta para protegê-los dos perigos do mundo, limitados por um exagerado pudor quanto ao respeito à privacidade, mas pessoas inescrupulosas podem fazer dinheiro expondo alguém para o mundo inteiro?! Essa é a cultura americana!
Não invada a minha privacidade, imitam os brasileirinhos, filhos da classe média. Exponha a privacidade das pessoas, imitam os formadores de opinião. E assim são repetidamente imitadas as americanalhices.
Há outro problema social muito imitado. Este é abordado em um filme de que gosto muito, "Crash - no limite", de 2005, dirigido por Paul Haggis. Quando assisti pela primeira vez fiquei admirada com a qualidade e a coragem de expor uma das principais mazelas da cultura norteamericana, a xenofobia. Se você ainda não viu esse filme, recomendo.
Veja o trailer:
Todos ficaram chocados quando um templo indiano sikh foi invadido por um atirador que matou várias pessoas e a si mesmo, no dia 05 de agosto. O presidente Obama e sua esposa expressaram profunda tristeza. Tocante. Mas este tipo de crime que resulta da xenofobia chega a ser incentivado pelo cinema americano, profundo formador de opinião no mundo inteiro. Praticamente todos os filmes americanos apresentam os estrangeiros como seres inferiores, seja como de pouca formação intelectual, seja como criminosos. Esta xenofobia é uma mazela social grave, claro, pois resulta em crimes como o mencionado. Este tipo de crime é recorrente naquela grande nação. Americanalhice muito imitada, também.
É lamentável que o país mais influente do mundo seja um grande propagador de maus costumes. Pior é que sejamos tão submissos ao imitar o que torna a nossa sociedade cada dia pior.
Reflita-se!
Abraços a todos,
Késia Mota
Um comentário:
O vacilo de um é a felicidade do outro. Flagras, invasões de intimidade é trabalho para uns e a desgraça de quem é invadido. Estamos num mundo em que as pessoas conseguem viver várias vidas, menos a própria.
Beijos
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