quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Da codorna

No domingo eu comi codorna. Fazia tempo que eu pensava em experimentar, mas sempre comia outras coisas. Desta vez, no restaurante, decidi escolher este prato e fiquei muito satisfeita.

Pensei em quantas vezes já agi assim, na vida. Sinto vontade de fazer alguma coisa, mas não faço, deixo para depois e esse depois vai sendo sempre postergado. Talvez nunca aconteça. Eu queria, e queria mesmo, mas fui deixando pra lá. 

Na noite de 25/01/2012, três edifícios desabaram, no Rio de Janeiro. Alguém disse que havia cheiro de gás vindo do subsolo, outro disse que fazia tempo que alguns cascalhos e pedaços de reboco caíam perto dos elevadores, outro ainda disse que percebia sinais de irregularidades numa obra de reforma que estava sendo feita. Mas nada providenciaram para resolver os problemas, até que a edificação desabou. Vinte e quatro horas depois do desabamento, umas dezesseis pessoas ainda não foram encontradas, nos escombros. Profissionais trabalham pelo resgate destas vítimas, familiares aguardam vivendo sentimento de esperança e angústia, ao mesmo tempo. É triste, é muito triste, mas e se não tivessem deixado para depois? Deixamos pra depois muita coisa importante, na vida. É necessário mudar de atitude, logo!

Estou contente por finalmente ter experimentado da ave e mais ainda por ter apreciado. É muito bom satisfazer as expectativas em relação a algum objeto antigo do desejo. Nenhuma decepção. Melhor é quando há uma agradável surpresa, quer dizer, a coisa é melhor do que o esperado. Aí - nossa! - é fantástico.

Hoje eu visitei uma biblioteca importante, aqui da cidade onde moro. Gostei muito. O acervo é sério, responsável. Sério, responsável? Pois é, acho que é seriedade e responsabilidade, para uma biblioteca de referência, oferecer um bom acervo. É verdade que este acervo, desta tal biblioteca, ainda não é o sonho de todos os leitores, amantes da literatura (passeio sempre pelas estantes de literatura), mas ouso afirmar que é sério e responsável, sim. Isso porque atende às expectativas básicas dos leitores, quanto às boas obras da literatura, tanto em língua portuguesa quanto em outras línguas. Uma boa biblioteca deve cumprir esta missão, de atender aos anseios básicos dos seus usuários.

A reflexão que faço disso tudo é: será que tenho sido séria e responsável, tenho feito o que deve ser feito imediatamente, para atender eficazmente aos anseios das pessoas que me rodeiam? Até que ponto posso dizer que elas sentem, em relação a mim, as expectativas satisfeitas? 

Não sei, ao certo. Não sei se tenho como saber qual é a resposta para esta minha indagação. Nem sei como conhecer verdadeiramente quais são as expectativas das pessoas sobre mim. Posso fazer alguma estimativa, mas não posso conhecer todas elas. Só sei que acredito, mesmo, que devo pelo menos tentar acertar, tentar satisfazer as pessoas, tentar não deixar para depois e ser, desde já, séria e responsável, para comigo mesma e todos os demais, antes que seja tarde e a coisa toda acabe desmoronando.

Abraços a todos,
Késia Mota

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