sexta-feira, 11 de março de 2011

Muda o repertório!


Por Késia Mota
Eu moro pertinho de um restaurante. Muito bem frequentado, boa comida, carne, comida regional, essas coisas. Estou agora no andar de cima da casa, a porta da varanda está aberta e, sendo sexta-feira à noite, posso ouvir a música ao vivo que é apresentada semanalmente (nas sextas à noite e nos sábados ao meio dia), neste restaurante.

Há um cantor, o mesmo cantor, desde que moro nesta casa, há quase sete anos. Sabe? Não é que ele cante muito mal. Ele não canta tão mal assim. Mas canta o mesmo repertório, com pequenas alterações, nestes quase sete longos anos.

A música é uma arte tão impressionante, tão marcante, tão rica, tão variada! Há inúmeras possibilidades, gêneros, estilos, ritmos, maneiras, tantas letras fortes, melodias belas, infinidade de tons e expressões. E este cantor, aqui deste restaurante, neste exato momento, cantando uma das músicas deste mesmo repertório escolhido há tanto tempo! Não consigo evitar, fico intrigada.

Uma ideia que me assusta muito é a de não me permitir variar, mudar de opinião, traçar novos caminhos na minha jornada. Ouço, às vezes, pessoas dizendo: "Eu sou assim, não vou mudar e pronto!". Não sei ao certo se acho isso assustador ou se entendo que é apenas ilusão destas pessoas.

Este cantor pode passar sete anos, dez, quinze, quantos anos quiser cantando as mesmas músicas, mas é inevitável que as minhas impressões a respeito destas músicas ou da sua voz, do seu estilo ou da maneira como ele toca o violão sejam alteradas, a cada semana. Ele mesmo, certamente, muda quanto à maneira de interpretar estas músicas e o que elas representam na sua vida.

Vivemos mudando, continuamos sempre em desenvolvimento, em crescimento, mesmo na maturidade. Corremos o risco, a cada etapa da vida, de experimentar arrependimentos, decepções, derrotas e outros problemas que aparecem ao lado de realizações, vitórias e alegrias. O melhor que pode acontecer é mudar de atitude. Retirar canções, acrescentar outras, manter algumas, mas não indefinida ou aleatoriamente.

Não sei o que significa mudar para melhor ou para pior. O que é melhor, pra mim, pode ser pior, pra você, não sei. Sei que as melhores mudanças são aquelas que nos tornam mais felizes. Sentir-se feliz, renovado, isso é o que importa. Todos os dias, em todos os momentos, sempre é hora de mudar alguma coisa que está fora de contexto, na vida. Sempre é hora de cantar uma nova canção, que nunca foi cantada, que no dia seguinte talvez seja trocada por uma outra mais nova ainda, em nome da maravilhosa sensação de mudar e experimentar, orgulhosamente, as consequências trazidas por uma boa novidade.

Hoje sou assim, de um jeito que não era antes. Estou diferente, mas não quero ser assim pra sempre, quero mudar. Quero mesmo! Talvez amanhã você me desconheça. Espero que me veja diferente do que sou hoje, que me veja mais feliz, mais bonita, mais sorridente e mais contente ainda.

3 comentários:

Andréa Ferreira disse...

Isso ai Késia, concordo.

Sou uma adepta a mudanças, tradição é bom, mas sem exageros.

Já dizia Camões : "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade..." .

As pessoas, acho que por ingenuidade ou burrice, não sei, ligam mudanças(metamorfoses) a falta de personalidade, balela isso.

Já eu 'prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo'

Debora Mota disse...

"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia..."
Nem mesmo as músicas do nosso vizinho. Nem que seja a paixão em cantá-la. Algo muda.
Mas seria bom que mudasse a intensidade da paixão e também o repertório. Agradeceríamos. Rsrs

Debora Mota disse...

Está lindíssimo assim, o teu blog.
Melhor que aquela chuva.
Coloquei um link para o teu perfil no meu post.