sábado, 19 de março de 2011

Epidemia

Quando chegou em casa, naquela manhã, parecia que o cheiro do ar estava mais agradável e que o brilho do sol era mais suave. Sentindo aquele cansaço gostoso de quem está num ótimo momento, foi para o quarto, fechou as cortinas com blecaute, escurecendo tudo, deitou-se confortavelmente e dormiu.

A noite tivera sido longa, perfeita. Momento bom, daqueles que as pessoas deviam guardar eternamente. Melhor, repetir eventualmente.

Os sapatos ficaram no tapete da sala, a bolsa sobre a mesa, as chaves jogadas em cima. O vestido preto de decote generoso foi para o chão do quarto, ao lado da cama. Não fazia muito calor, preferiu não ligar o ar condicionado. Dormiu profundamente, o corpo pareceu começar a flutuar. Sonhou.

No dia seguinte, chegou cedo ao trabalho. Sorriu para a recepcionista, disse bom dia. Recebeu um telefonema. Encontrou amigos. Retornar das férias é um momento alegre.

Das vinte pessoas que encontrou naquele dia, sete passavam pelo fim de relacionamento. Não tinha sido a única. Consolo?

Os bons momentos que inspiraram o delicioso sonho da noite anterior há muito haviam passado, não somente em sua vida, mas também na de tantas outras pessoas ao seu redor. O que era aquilo? Uma epidemia de desamores?
Recomeço...

4 comentários:

Debora Mota disse...

Epidemia chata, boa e feia! Una!
Rsrsrs

Debora Mota disse...

Ih, foi mal.
"chata, BOBA e feia"

Andréa Ferreira disse...

Dependendo do casal, Epidemia pode ser a salvação. Adorei o conto =)

Késia Mota disse...

Verdade, Andréa. rs

Obrigada.