-----Duas pessoas, quando acordam juntas, de alguma forma exprimem emoções. De alguma maneira fazem com que o amanhecer não seja indiferente.
-----Rodrigo e Juliana eram amigos de infância e já tinham vivido mil aventuras. Conheciam um ao outro mais do que qualquer pessoa no mundo. Eram amigos, parceiros, confidentes, eram como irmãos. Estudaram juntos o tempo inteiro e nem imaginavam como seria cursar faculdades diferentes. Nem queriam pensar nisso, deixaram para quando o momento chegasse.
-----Juliana era uma leitora ávida, gostava de humanas – ia cursar Direito – e Rodrigo detestava ler, preferia os números, cálculos – tinha talento para Engenharia. Um reclamava do outro o tempo todo por causa de suas preferências. “Você sempre me troca por esses livros”, dizia Rodrigo. “Você é objetivo demais, não consegue saborear os bons momentos, não adianta sairmos juntos”, era o que Juliana respondia.
-----Durante muito tempo conviveram lado a lado, trocando as mesmas experiências. A mãe de Juliana temia que a amizade dos dois tornasse a menina masculinizada; a de Rodrigo tinha a mesma preocupação e, não sei porque, sentia que o seu problema era muito maior, que ter um filho efeminado é pior que ter uma filha masculinizada. Mania boba que as mães têm de pensar que os seus medos são sempre os mais fortes. O jovem par vivia alheio a essas preocupações, encarando aquela amizade como a coisa mais natural do mundo e aproveitando cada pedacinho dela, com alegria.
-----Quando ninguém esperava, chegou um aluno novo na escola e Juliana pela primeira vez na vida sentiu que poderia viver com um garoto algo mais forte do que amizade. Naquele tempo Rodrigo andava mal humorado pela casa, batia portas, não dava bom dia, não queria falar com ninguém. Juliana estava diferente, sua mãe comemorou, usava roupinhas mais bonitas, maquiagem, cabelos soltos, andava com as outras meninas, sorria sem parar, mas afastou-se de Rodrigo.
-----Esse período não foi muito longo, mas para ele foi como se tivessem ido morar em países diferentes, sendo vizinhos. Cada sorriso de Juliana parecia uma provocação e ele ficava frustrado. Para compensar, decidiu fazer alguma coisa em vez de ficar ali parado, irritado. Na verdade, um amigo o aconselhou a isso. Então começou a sair para as baladas, tornando-se o maior pegador da vizinhança. Juliana detestou essa atitude, mas não deixou que ele percebesse a sua indignação.
-----Depois de muitas idas e vindas, finalmente pararam para conversar. É comum, entre amigos de verdade, falar com uma sinceridade tal que, para quem está de fora, parece até ser cruel. Depois de muita discussão, Juliana esbravejou: “Você é cheio de maus costumes”, irritadíssima e com a voz elevada. Ele sorriu, olhou nos olhos dela e disse, suavemente: “Também adoro todos os teus maus hábitos”. E juntos descobriram algo que é muito intenso quando ocorre depois da péssima mania de discutir que têm os casais. Nunca mais deixaram de acordar juntos.
-----Rodrigo e Juliana eram amigos de infância e já tinham vivido mil aventuras. Conheciam um ao outro mais do que qualquer pessoa no mundo. Eram amigos, parceiros, confidentes, eram como irmãos. Estudaram juntos o tempo inteiro e nem imaginavam como seria cursar faculdades diferentes. Nem queriam pensar nisso, deixaram para quando o momento chegasse.
-----Juliana era uma leitora ávida, gostava de humanas – ia cursar Direito – e Rodrigo detestava ler, preferia os números, cálculos – tinha talento para Engenharia. Um reclamava do outro o tempo todo por causa de suas preferências. “Você sempre me troca por esses livros”, dizia Rodrigo. “Você é objetivo demais, não consegue saborear os bons momentos, não adianta sairmos juntos”, era o que Juliana respondia.
-----Durante muito tempo conviveram lado a lado, trocando as mesmas experiências. A mãe de Juliana temia que a amizade dos dois tornasse a menina masculinizada; a de Rodrigo tinha a mesma preocupação e, não sei porque, sentia que o seu problema era muito maior, que ter um filho efeminado é pior que ter uma filha masculinizada. Mania boba que as mães têm de pensar que os seus medos são sempre os mais fortes. O jovem par vivia alheio a essas preocupações, encarando aquela amizade como a coisa mais natural do mundo e aproveitando cada pedacinho dela, com alegria.
-----Quando ninguém esperava, chegou um aluno novo na escola e Juliana pela primeira vez na vida sentiu que poderia viver com um garoto algo mais forte do que amizade. Naquele tempo Rodrigo andava mal humorado pela casa, batia portas, não dava bom dia, não queria falar com ninguém. Juliana estava diferente, sua mãe comemorou, usava roupinhas mais bonitas, maquiagem, cabelos soltos, andava com as outras meninas, sorria sem parar, mas afastou-se de Rodrigo.
-----Esse período não foi muito longo, mas para ele foi como se tivessem ido morar em países diferentes, sendo vizinhos. Cada sorriso de Juliana parecia uma provocação e ele ficava frustrado. Para compensar, decidiu fazer alguma coisa em vez de ficar ali parado, irritado. Na verdade, um amigo o aconselhou a isso. Então começou a sair para as baladas, tornando-se o maior pegador da vizinhança. Juliana detestou essa atitude, mas não deixou que ele percebesse a sua indignação.
-----Depois de muitas idas e vindas, finalmente pararam para conversar. É comum, entre amigos de verdade, falar com uma sinceridade tal que, para quem está de fora, parece até ser cruel. Depois de muita discussão, Juliana esbravejou: “Você é cheio de maus costumes”, irritadíssima e com a voz elevada. Ele sorriu, olhou nos olhos dela e disse, suavemente: “Também adoro todos os teus maus hábitos”. E juntos descobriram algo que é muito intenso quando ocorre depois da péssima mania de discutir que têm os casais. Nunca mais deixaram de acordar juntos.
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