terça-feira, 7 de maio de 2013

Licenciada em Letras

Concluí a Licenciatura em Letras no dia 06 de maio de 2013, na Universidade Federal da Paraíba - UFPB. O meu discurso como oradora da turma é este:



Boa noite! Saudamos especialmente ao representante da reitora aqui presente, aos representantes do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes e dos departamentos – Departamento de Letras Estrangeiras Modernas, Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, Departamento de Ciências Sociais, e Departamento de História, além dos representantes da Coordenação do Curso de Letras, da Coordenação do Curso de Ciências Sociais e da Coordenação do Curso de História. Abraçamos carinhosamente todos os familiares, companheiros, amigos, colegas de trabalho, vizinhos etc, dos graduandos que aqui estão em clima de comemoração muito especial.
A emoção que sentimos hoje não tem comparação! É o momento de celebrar o esforço, a dedicação, os estudos, as noites perdidas para terminar aquele trabalho que tinha que ser entregue no dia seguinte, de manhã! (A gente sempre se adapta aos prazos dados).[rs] Aquele trabalho em grupo que a gente acaba fazendo sozinho e coloca os nomes dos colegas. Ou talvez que a gente não faz e pede para alguém colocar o nosso nome. Aquele professor arrogante que tivemos que aguentar. Aquele outro que fazia tudo valer a pena. Aquele período que parecia não terminar nunca. Aquela greve que adiou tantos planos maravilhosos! Aquele amigo, aquela amiga que adquirimos para levar por toda a vida. Aquele grande amor que surgiu.
Para algumas pessoas, a certeza de que é esta a profissão que amam e que pretendem seguir para o resto das suas vidas. Para outras pessoas, talvez não exista esta certeza, talvez haja alguma mudança, no futuro. Existem também aqueles para quem não há absolutamente nenhuma certeza. Durante grande parte da vida da gente, dizem que a maior vitória que pode existir é passar no vestibular e cursar uma graduação em uma universidade federal. Quando chegamos aqui, percebemos que não chegamos ao fim de tudo, mas pelo contrário, apenas ao início. Um grande início, um grande ponto de partida. Estamos, na verdade, prontos somente agora para começar a corrida da vida. Antes estivemos treinando, estivemos nos alimentando, estivemos nos preparando para a hora que agora chegou. A corrida começa agora. O nosso futuro começou!
Exatamente agora, quando aqui nos reunimos para a colação de grau. Essa formalidade que precisa ser cumprida para que possamos comprovar que estamos prontos, que recebemos as orientações e os instrumentos necessários para ir à luta.
Alguns já estão encaminhados, ocupando cargos, cursando a pós-graduação, alguns na tutoria da EaD, alguns aprovados em concurso público, alguns exercendo o magistério, na Educação Básica, no Estado, no Município, ou na rede privada. Algumas colegas iniciaram o curso como senhoritas e concluem como senhoras casadas. Na verdade, o nosso coração pode estar cheio de insegurança e talvez até medo do que virá. Isso é muito natural. É assim que nos sentimos, sim, mas não devemos temer os desafios da vida, não podemos desistir antes de tentar, perder antes de lutar, não! As incertezas são consequência de estarmos vivos, neste mundo.
É normal ter incerteza, sentir-se inseguro, neste momento. Isso me faz lembrar  o poema Tabacaria, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Peço licença para ler uns trechos:


Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
[...]
Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
[...]
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
[...]
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
[...]


Como podem ver, é um poema que fala da incerteza e da insegurança da vida. O eu lírico de Tabacaria faz uma reflexão que provavelmente muitos de nós estamos fazendo agora. Talvez ele seja um pouco pessimista ou filósofo demais. Não sei. Sei que é normal ter medo do que virá. Porém, isso não pode ser motivo para desistir, nunca!
Aqui estamos nós, como parte de um grupo seleto, um grupo de pessoas que completaram a graduação em uma universidade federal. Este é o sonho de milhares de jovens pelo Brasil afora, jovens que a cada ano sofrem para conseguir aprovação no vestibular, como aconteceu conosco, que chegamos à colação de grau.
Encontramos dificuldades, mas superamos todas elas. Algumas nós resolvemos, outras aprendemos a conviver e por isso tivemos sucesso. Estamos aqui, prontos para a corrida da vida. Recebemos apoio, orientação, suporte e, algumas vezes, compreensão dos nossos professores – alguns cujas lições marcarão para sempre as nossas vidas, positivamente. De um jeito ou de outro, de todos eles aprendemos algo que nos favorecerá durante o percurso que temos a seguir. Agradecemos muito aos nossos mestres. Somos gratos também aos funcionários, todos eles que fazem com que as nossas necessidades possam ser atendidas, como resolver os problemas de matrícula e até mesmo as necessidades mais simples, como a de ter um ar condicionado ligado nos dias de calor ou a sala limpa para estudar. Gratos a esta instituição que nos acolhe e que nos dá alegria em realizar a formação superior aqui.
Somos gratos aos nossos pais (nossos maiores orientadores da vida inteira, pessoas que amamos porque amamos, haja o que houver), assim como a todos os nossos familiares. Aos maridos ou esposas, para os casados, aos namorados, aos companheiros, aos melhores amigos. Agradecemos aos nossos amigos, os nossos colegas de curso, por aquele e-mail avisando sobre as inscrições para um projeto interessante, aquele telefonema para lembrar do prazo de entrega de um trabalho, aquele toque sobre como melhorar a apresentação de seminários ou a escrita de trabalhos. Somos gratos a todos.
Nosso agradecimento especial a Deus, orientador supremo da vida das pessoas de fé.
E agora, cada um pode fazer aquele agradecimento especial – mentalmente, com um olhar, um sinal de beijo ou um SMS – para as pessoas especiais de sua vida.
Obrigada a todos vocês que aqui estão comemorando conosco o nosso grande dia!
Muito obrigado!
Sucesso a todos os colegas de Letras, Ciências Sociais e História!
Parabéns! Nós merecemos!

Nenhum comentário: