segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Almodóvar

Antes que venha aquilo que eu chamo de crise de abstinência de aulas, nestas longas férias que vão até março, mergulho no mundo do cinema para viver outras vidas, ser outras pessoas, estar em outros lugares.

De um dias pra cá, a cidade que mais visito é Madri, através do maravilhoso cinema dirigido por Almodóvar, fantástico diretor espanhol. Estou fazendo amizade com atores que participam recorrentemente destes filmes (Marisa Paredes, Antonio Banderas, Penélope Cruz, Victoria Abril, Carmem Maura, Chus Lampreave ...), apego-me aos personagens fortes, como a Marina e o Rick, do filme Ata-me, um dos meus preferidos, a Raimunda, de Volver, e tantos outros, fascinantes.

Os filmes são fortes e suaves, ao mesmo tempo. As histórias são ricas, verdadeiras. Penso que Almodóvar resolveu ser realista, nos filmes. Por exemplo, uma cena que aparece em quase todos os filmes que ele dirige é a de uma mulher indo ao banheiro, descendo a calcinha e sentando no vaso sanitário. Até mesmo a Raimunda, de Penélope Cruz, belíssima, fez isso em Volver. Mas não foi a única, claro. Muitas outras mulheres, personagens de Almodóvar, viveram a cena abaixo:


O vermelho... A presença desta cor nos cenários do diretor espanhol é um símbolo da paixão e da força feminina, penso eu. Os tomates na feira, em Volver, é um forte exemplo disso. A tela fica toda vermelha quando a Raimunda resolve fazer compras e comandar o restaurante para servir 30 pessoas, de repente. São os tomates mais bonitos que eu já vi em uma feira, mesmo no cinema.


Dá água na boca. Você tem absoluta certeza de que a comida será perfeita. 

Em Mulheres à beira de um ataque de nervos, filme ao qual Abraços partidos faz referência de forma muito divertida, a personagem Pepa, de Carmem Maura, ensina uma receita tradicional espanhola. Dá para copiar, perfeitamente. É o famoso gazpacho espanhol, uma sopa gelada:



[Tomate, pepino, pimentão, cebola, um dente de alho, azeite, sal, vinagre, pão duro e água. O segredo está em misturar bem.]

Enfim, os filmes de Almodóvar são filmes sobre os dramas da vida real, especialmente vividos por mulheres de verdade, que vão ao banheiro, que sabem cozinhar, que amam, que são traídas, que sofrem, fazem loucuras por amor. Mas não são mulheres quaisquer. São mulheres fortes, corajosas, determinadas. Personagens que marcam as nossas vidas. Também não são dramas artificiais, fantasiosos, mas verossímeis. Tão verossímeis que não é difícil se reconhecer em alguns deles.

Bem, é isso. Estou tão emocionada nesta fase Almodóvar, tão encantada, que resolvi partilhar as minhas impressões sobre estes filmes lindos. Termino com a emocionante cena final de Ata-me!. Ih, se você não viu o filme, vou logo avisando, o melhor a fazer é parar de ler esta postagem agora mesmo, correr para ver o filme e só depois voltar pra cá. Ok, Ata-me! é o meu preferido.

Pode comentar!
Abraços a todos, Késia Mota



(Não presta atenção na legenda em inglês, não. Dá para entender muito bem o espanhol. 
O melhor desta cena é a sua carga emotiva).




Um comentário:

Leo Barbosa disse...

Você "Atou" bem o Almodóvar. Transmitiu tão bem a essência dele. Boas observações e muito bem escrito. Parabéns! Abraços almodovianos.