Um amigo me contou ontem que assistiu a uma entrevista em que alguém disse que as mulheres europeias estão evoluídas a respeito da ideia de igualdade entre os gêneros. Elas se preocupam com trabalho, independência, conhecimento e alcançam a maturidade com liberdade e desenvolvimento pessoal. As brasileiras, no entanto, segundo a entrevistada, preocupam-se muito com a beleza, e encaram a igualdade apenas sob o ponto de vista da liberdade sexual.
Conversando com este amigo, concordei muito com essa afirmação da entrevistada (não sei quem foi, nem qual foi o programa). Coincidentemente, à noite, vi uma propaganda na televisão que divulgava um empreendimento imobiliário. A propaganda foi feita por uma mulher, em torno dos 35 anos, usando um terninho, com o tom de voz de uma mulher trabalhadora, talvez uma executiva, uma advogada ou uma médica, enfim, uma mulher bem sucedida, aparentemente. No final do anúncio publicitário, infelizmente, a mulher diz que vai falar imediatamente com o marido e, na cena seguinte, fala com ele num tom de voz infantil, como quem pede para ele comprar o imóvel. Pensei: parece ser esta a ideia de uma mulher bem sucedida, no Brasil, a que se veste elegantemente apenas para indicar posição social, não pela carreira, pois a ideia da mulher brasileira realizada é a da mulher casada, dona de casa, que talvez até tenha feito um curso superior, mas que jamais exerceu uma carreira, a não ser a de dondoca que passa horas e horas em salões de beleza, clínicas estéticas, boutiques, e fofocas...
Que pena!
Comentei com o meu amigo, na conversa: a mulher brasileira dos anos 80 tinha uma boa tendência a se tornar uma profissional independente, desenvolvida e muito capaz hoje em dia. Infelizmente, a mídia, nos anos 90, destruiu essa possibilidade, apresentando uma mulher objeto, dançando e rebolando "na boquinha da garrafa". Hoje, o SBT perdeu a posição de segundo lugar na audiência, por quê? Porque outros canais exibem corpos femininos nus e seminus. Brasileiras querem ser objetos, colocam silicone não só nos seios, mas nas nádegas, nas pernas etc. Não existe mais mulher de cabelos ondulados ou cacheados? Estão todas passando horas fazendo alisamento e chapinha, gastando com isso dinheiro que poderia ser investido em cursos, livros, crescimento profissional. O Brasil consome mais roupas que livros. As meninas sonham mais em se tornar "paniquetes" que professoras, médicas ou dentistas, como era mais comum nos anos 80 e antes disso.
O engraçado, nesta foto, é que o cabelo estava muito mais bonito antes.
Não aguento mais a era da chapinha! Queria muito que isso acabasse logo! Que ninguém tivesse medo da chuva ou de dançar até suar. Que as mulheres lessem livros e não a revista Caras, na sala de espera dos consultórios médicos. Queria que os professores de literatura não fossem obrigados a indicar a leitura da série Crepúsculo, em vez de um bom clássico da literatura brasileira, pois os jovens não querem saber de cultura e chegam ao Ensino Médio sem saber nem quem é Guimarães Rosa. No entanto sabem tudo sobre a vida das pessoas mais fúteis da TV ou do cinema.
A mulher brasileira de 2011 é uma lástima! Deviam ter ensinado às mulheres que a beleza verdadeira é o brilho nos olhos diante de uma conquista profissional!
Aquela mulher da propaganda que eu vi certamente seria muito mais feliz se pudesse simplesmente assinar o contrato de compra e venda do apartamento em seu próprio nome, sem a necessidade de ligar para marido algum em tom infantil para o seduzir a morar num edifício onde ela passará horas na piscina fofocando com as amigas.
Há muitas mulheres no mundo presas a um casamento infeliz porque não saberiam o que fazer sem o dinheiro do marido. Em 2011, as mulheres deveriam saber que cada um é um indivíduo, seja homem ou mulher, e que o dinheiro vem do trabalho. Vale mais a pena trabalhar e ter o seu dinheiro do que casar com um mantenedor de suas despesas.
Ai ai... essa postagem é quase um desabafo!
Sou solteira, não tenho filhos, não tenho notícia alguma sobre um casamento longo e feliz, no mundo. Homem não é o meio de alcançar felicidade, mulheres! Satisfação pessoal e profissional, individualmente, isso sim! Mulheres, chega de ocupar a posição de objeto da beleza, no mundo! Sejamos atraentes pela independência, inteligência e pelas nossas conquistas profissionais e pessoais!
Sucesso a todas nós!
Késia Mota
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